
Terra

Ao criar uma canção, o compositor passa uma mensagem, conta uma história e compartilha um pedaço do seu modo de ver o mundo. Seja qual for o gênero, do funk ao sertanejo, do pop ao rock, do clássico ao reggae, todas a músicas tiveram seu ponto de partida; uma experiência do passado, do presente ou uma indagação do futuro. Pode ser apenas uma brincadeira ou um desabafo, mas a criação de uma música é um processo artístico, como os elementos que compõe um quadro, um momento eternizado em uma fotografia e a harmonia e compasso presentes na dança. Uma canção tem a capacidade de unir cada elemento. E é pensando nisto que Lucas Barbosa apresenta o projeto Terra, que transcende a esfera da música.
Inspirado por diversos músicos e bandas, Lucas busca unir todas suas influências para compor a música que traduza seu estado de espírito. O Terra nasce de uma evolução de ideias e sonoridades que convergiram até aqui. “O Terra são músicas que traduzem a minha visão de mundo para harmonias, melodias e ritmos”, explica Lucas Barbosa, que busca uma sonoridade mais orgânica, sem efeitos e tratamentos. Influenciado principalmente pelo grupo brasileiro de heavy metal, Angra, Lucas conta como o álbum Temple of Shadows impactou sua vida: “me identifiquei por completo com as músicas; eram rápidas, pesadas, elaboradas, densas, rítmicas, inconfundivelmente brasileiro, passando pelas mais variadas cores e texturas, perfeito ao criar a atmosfera da história que o Rafael Bittencourt quis contar”, Lucas considera este o álbum o melhor de todos que já escutou.
Aos 11 anos, Lucas ganhou seu primeiro violão e buscou na Legião Urbana, Capital Inicial e Cássia Eller a inspiração para os primeiros acordes, mas ao ouvir seus amigos da escola reproduzirem os solos de Slash (Guns n`Roses) em suas guitarras, Lucas mudou imediatamente o instrumento de interesse. E assim, aos 14 anos, Lucas Barbosa passou a tocar de Charlie Brown Jr a Iron Maiden no novo instrumento, “o grande salto veio quando consegui duas video-aulas do Kiko Loureiro e aprendi a tocar todas as músicas do álbum Rebirth, do Angra. Ali, tinha-se formado o guitarrista em mim”, lembra Lucas. O interesse pela música e a capacidade de reproduzi-la só aumentava, “Legião Urbana me fez tocar violão, Guns n' Roses me fez tocar guitarra, Almir Sater, viola, Shaman me fez tocar piano e Led Zeppelin me fez aprender a cantar”, conta o criador do Terra.
O Terra é um reflexo das minhas construções de mundo. Acredito em argumentos históricos, científicos, filosóficos e esotéricos para explicar nossas origens e nosso universo. E todos estes argumentos apontam para o equilíbrio e para o quanto nossa mente não consegue conceber o real tamanho da criação. Este é o tema por trás do logo do Terra. O "T" fino é a racionalidade, reto e paralelo. O "T" de cabeça pra baixo mostra que, por mais que sejamos racionais, a racionalidade não contempla a realidade em sua plenitude.
-Lucas Barbosa

Pouco tempo depois, Lucas Barbosa começou a integrar bandas formadas com colegas da escola e com vizinhos, até entrar para o grupo Creatrix, que chegou a ter certa notoriedade em Mogi das Cruzes, cidade onde vivia na época, “com uns 15 anos, comecei a tentar escrever riffs no programa Guitar Pro. Foi aí que comecei a compor, meio que num processo de tentativa e erro. Aquela 'leva' de músicas seria a semente do Terra”, conta Lucas.
Mogi das Cruzes, cidade parte da grande São Paulo, foi um dos diversos lugares por onde passou. Lucas nasceu na capital paulista, aos 2 anos se mudou para Minas Gerais, voltou para São Paulo aos 11, se mudou para Mogi, depois São Paulo novamente, passou quase um ano vivendo na Alemanha e está de volta a São Paulo. “O fato de eu ter mudado muito de lugares, me fez confrontar várias vezes a forma como eu enxergava o mundo com aquela nova realidade, e disso só saem ideias boas. A diversidade só vem a agregar”, conta.
O projeto musical Terra é dividido em temporadas, para uma estratégia diferente de divulgação: “Ao invés de fazer um álbum padrão, eu posso lançar as músicas em vídeos, agrupados em temporadas”, explica Lucas. A primeira temporada intitulada Overland trata sobre o endereço que mais marcou a vida do músico, “Overland é uma tradução literal do latim Uberlândia (MG), que é o nome da cidade na qual fui criado e ainda me sinto em casa lá, é de onde eu vim, e é o futuro para o qual todas as minhas escolhas apontam, intencionalmente ou não”, conta Lucas Barbosa. Enquanto finaliza a temporada Overland, já está preparando a próxima e planejando a terceira. “As músicas que eu comecei fazendo para o Creatrix também irão ser gravadas para gerar uma outra temporada. Ou seja, teremos 3 temporadas sendo alimentadas ao mesmo tempo”, revela.

Lucas começou a compor músicas completas, envolvendo todos seus elementos, aos 16 anos. Desde então desenvolve seu processo de composição: “eu imagino um ambiente, uma atmosfera que eu queira criar, contando uma certa história. Com esta ideia eu busco minhas influências musicais, começo a construir a estrutura da música, começando, normalmente pela harmonia”, explica o músico que também já tenta estabelecer para que tipo de público ele está criando cada música. “A partir daí a atmosfera que a música se propõe a criar vai guiar todo o processo seguinte, gravação, performance, vídeos, fotografia, divulgação, e assim por diante”, conta
O músico prefere não se restringir a um único gênero musical, apesar de estar sempre flertando com o rock n’ roll. “Minhas influências são das mais variadas. Para esta nova temporada por exemplo, estou buscando soluções vocais nas músicas do Hanson. Então como eu poderia me encaixar em Heavy Metal com este tipo de elemento?”, questiona. A canção “Our Time Is Now” é o mais novo lançamento do projeto Terra, “fiz um solo de guitarra meio Van Halen, Richie Sambora”, conta Lucas, “esta é uma música que narra aquele momento em que você percebe que alcançou seu objetivo, depois de muita luta, de suar, de chorar, de sangrar, de ser ridicularizado por ousar mais alto do que lhe era permitido”, explica o compositor.